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5 - Património arquitectónico 5.1 - A PONTE DE S. JOANICO. A sua idade deve rondar os novecentos anos. "É uma ponte, de cantaria, medieval, de estilo românico, integrada no antigo caminho que de Angueira se dirigia para Vimioso, " de cantaria, para passagem da antiga estrada de Bragança a Miranda."É considerada pelo IPA monumento património nacional, inscrito Nº. IPA:0411120006.É propriedade pública municipal. Foi reconstruída em 1778 e sofreu uma intervenção em 1994 pela CMV.- obras de reparação da ponte, ficando muito descaracterizada. " O seu pavimento encontra-se muito alterado, já não conservando qualquer laje, sendo constituída por paralelos ... Dos dois lados da ponte, marcando a sua entrada, encontram-se quatro coruchéus, assentes em pilastras, das quais três se encontram derrubados...( Como é possível?)... Na margem esquerda, foi posteriormente sobreposto um painel de azulejos com a imagem de S. João Baptista."(Cfr.Dir.Ger. dos Edifícios e Monumentos Nacionais). Ponte medieval sobre o rio Angueira, de tabuleiro em cavalete com uma largura máxima de c. de 3,5 m, assente em 5 arcos de volta perfeita, desiguais, em cantaria, com pegões cegos. Os três arcos centrais são maiores que os dois das margens. Apresenta quatro talha-mares altos, tringulares, a montante e a jusante, implantados no espaço entre os arcos, tendo os dois que se encontram mais próximo da margem esquerda, a montante e a jusante, um remate escalonado. O seu pavimento encontra-se muito alterado, já não conservando qualquer laje, sendo constituído por paralelos. Tem guardas de alvenaria de xisto, rematadas por silhares graníticos. Dos dois lados da ponte, marcando a sua entrada, encontravam-se quatro coruchéus assentes em pilastras, dos quais três se encontram derrubados. O único que se mantém na sua posição original, na margem esquerda, encontra-se sobreposto a um painel de azulejos, representando a imagem de São João. 5.2 - A Igreja de S. Joanico é, como a grande parte das igrejas do concelho, do séc.XVIII (1778).“José Gonçalves, mestre carpinteiro, natural de Âncora, concelho de Viana do Castelo, Manuel Fernandes, mestre carpinteiro, natural de Palaçoulo, termo de Miranda, e Manuel Afonso, natural de Outeiro, concelho de Bragança, arremataram em 1787 as obras de pedreiro e carpinteiro da capela-mor da igreja de São Joanico, anexa de Caçarelhos. A obra da talha da mesma capela-mor foi arrematada por José Fernandes, mestre entalhador, de São Martinho, termo de Miranda, pela quantia de cento e dez mil réis, que era muito capaz, segundo se mostrava “nas muitas obras que tem feito nesta terra”. O retábulo do altar - mor,
de 1787 deve-se, bem como os de outras igrejas do Concelho, da mesma época, ao
escultor José Fernandes, de S. Martinho de Angueira. Nestes cinquenta anos, pelo menos, já sofreu diversas intervenções de conservação, de restauro, de actualização Vaticano II e até de alteração quer no exterior – tinha uma escadaria de granito de acesso ao campanário - quer no interior; não sei se por técnicos competentes e da melhor orientação, quer artística, quer litúrgica... Bem merecia mais resguardo e melhor trato o espaço do lado da sacristia que, segundo consta, foi já campo santo... 5.3 - Os Cruzeiros - Dois : um de cada lado da Ribeira, que, em meu entender, estão a precisar de mais destaque e de melhor enquadramento visual e local. 5.4 - As FONTES de S.Joanico, além de serem um património natural - oferta da Natureza - de que pouca terras se podem dar a este luxo, são também um património cultural e arquitectónico. A fonte principal - dom da Natureza - situa-se na serra, cuja água, sem obstáculos, corre directamente para as torneiras das casas. Mas, nem sempre assim foi. Noutros tempos, quem a queria, ia buscá-la nos seus cântaros de barro. Uma outra há, do lado direito da ribeira. É uma Fonte de Mergulho, despercebida, entulhada, cheia de silvas... Estas fontes chamam-se de mergulho porque nelas se mergulhava os cântaros para os encher de água, ou por outros motivos de crença popular... A esta fonte, vinham, principalmente, os residentes do lado direito da ribeira, uma vez que os do esquerdo tinham a fonte natural da serra. A água canalizada, primeiro, para bicas públicas, que ainda se mantêm; só, mais tarde, chegou a doméstica que veio substituir aquelas, ficando a de mergulho praticamente ao abandono, como encosto de alfaias agrfícolas, entregue aos infestantes vegetais, por vezes, autênticas lixeiras, aos sedimentos e até degradação da sua estrutura. Se antigamente mergulhávamos o cântaro, devemos agora mergulhar a memória nessas heranças históricas remotas, nesses legados arquitectónicos de caris popular que desempenharam uma função de grande importância vital na vida diária das comunidades, não só no campo físico, matar a sede, mas também no campo social, comunitário, colectivo e até afectivo, amoroso... Ali se convivia, se davam e recebiam as notícias, se elogiava, se criticava, se calhandrava, e até se esperava, se namorava... ou servia de pretexto para o encontro ... “ Digades filha, minha filha velida, porque tardastes na fontana fria...”já cantavam as Cantigas de Amigo, no séc XII. Preservar estes monumentos é respeitar e dignificar os que nos precederam e avivar e honrar a sua memória... Esta fonte fica a vinte ou trinta metros da ponte, a dez ou quinze da ribeira, tríptico que bem precisa e ontem já era tarde, da atenção de quem se ofereceu ou aceitou servir a comunidade e o seu património... O mesmo direi do chafariz das eiras, cujo exemplar me parece único (?) no Concelho e que se encontra degradado, como as imagens, após ampliadas, o podem demonstrar.
NOTA: ".........refiro – me à ponte, à Fonte de mergulho e ao tanque das eiras. A primeira recuperou os seus três coruchéus, embora novos. Mas ainda tem muito que recuperar: as pedras de granito, que terminavam os muros laterais, julgo ainda existirem, mas que, segundo diversas opiniões andam por partes diversas. O piso actual não tem nada a ver com o primitivo – grandes lajes de granito, sobre as quais estavam bem vincados os sulcos lavrados, durante séculos, dias a fio, pelo rodar dos carros, carregados quer de erva e ferranha, quer de trigo e centeio, primeiro em caule e espiga e depois em grão e farinha; quer de batatas, quer de abóboras, de melões e de melancias; quer de lenha, de rachos, de giestas e de estevas, quer de palha, de adubo e de estrume. Essas pedras que devem jazer debaixo da incúria e da adaptação aos tempos e às necessidades actuais, feitas de uma maneira apressada e penso que irreflectida ou distraída, devem voltar ao de cima, porque elas e os vincos que a desgastaram fazem parte da alma de S. Joanico, de outros tempos, dos seus antepassados que, tal como elas aí se vincaram e, resistindo, se desgastaram para memória, louvor deles, admiração e estímulo dos que lhes sucederam... A fonte de mergulho foi restaurada, limpa, bem como a sua envolvência. É também de realçar o restauro do tanque das eiras, colocando no seu devido lugar os coruchéus, felizmente, os primitivos que, há já bastante tempo lhe jaziam à cabeceira. Parabéns e até os meus agradecimentos aos responsáveis que, sendo-o, sentiram e concretizaram esta responsabilidade. Aqui fica, de algum modo, sarada a ferida destapada no sítio: http://frontpage.tripod.com/s.joanico" (Publicado em "Jornal Nordeste")
S.joanico (Regresso a pág. principal) |